Demetria abriu a porta
do pequeno chalé, que fazia parte de um conjunto de oito casinhas idênticas,
todas com um belíssimo jardim que dava para a vila. Atrás, havia um imenso
gramado. Depois de olhar para trás, subiu as escadas, como se arrastasse o
mundo em suas costas.
Quando acordou, após algumas horas, com o
som do telefone, Demi atendeu, assustando-se ao constatar que já passava das
dez da manhã. Era seu costume, aos sábados, ir para a cidade, fazer compras no
supermercado, antes de encontrar os amigos para almoçar.
Por sorte, para esse dia não combinou
nada com antecedência, já que a maioria de seus amigos viajaram com a família,
por estarem de férias.
Ao tirar o aparelho do gancho, sentiu o
estômago reclamar, embora achasse impossível ser Joseph. Afinal, ele nem ao
menos sabia seu nome, graças a Deus!
Um arrepio de excitação subiu-lhe pela
espinha, logo seguido por uma estranha decepção, que ela jamais admitiria nem
para si mesma, ao ouvir a voz do primo, Logan.
Era de se esperar, depois de tudo por que
passou, que seu estado emocional estivesse afetado. O trauma que sofreu afetou
seu equilíbrio interior, e Demi sentia dificuldade de reagir direito às
situações reais.
Logan: Até que enfim, Demi! É a terceira
vez que ligo. Como foi seu encontro com Joseph Jonas? Estou louco para saber.
Demi respirou fundo. O coração bateu mais
forte, de remorso e vergonha. A mão que segurava o aparelho ficou molhada de
suor. Não sabia mentir, jamais soube.
Demetria: Não o encontrei — afirmou, de repente.
Logan: Você foi embora?
Demi agradeceu aos céus. Logan acabou de
sugerir uma desculpa perfeita que lhe permitiria sair de seu dilema.
Demetria: Eu... estava cansada e comecei a ficar confusa
e... — Mas, antes que tivesse tempo de contar ao primo que pretendia escrever
uma carta para Joseph em vez de falar pessoalmente com ele, Logan a
interrompeu:
Logan: Achei mesmo que não teria coragem.
Tudo bem. O titio aqui dará um jeito para você. Falei com o meu chefe sobre o
assunto, que me convidou para jantar hoje à noite, e perguntei se poderia
levá-la comigo. Ele terá uma reunião com Joseph na próxima semana e, se você
explicar o caso direitinho para meu chefe, tenho certeza de que incluirá a
escola na pauta da reunião.
Demetria:
Logan, foi muita gentileza de sua parte, mas creio que não... — Demi não tinha a
menor disposição de enfrentar um jantar, e, quanto à possibilidade de expor o
que estava acontecendo ao chefe de Logan, que era responsável pela Secretaria
de Planejamento, sentia-se muito insegura, devido à auto-estima tão abalada.
Logan, no entanto,
parecia não ter intenção de ouvir um "não".
Logan: Tem de ir,Demi. Alberto quer encontrá-la. O
neto dele é aluno de nossa escola e, pelo visto, gosta muito de você. Embora...
Demi: Logan, não posso ir.
Logan: Evidente que pode. E deve. Pense na escola,
garota. Passo aí às sete e meia. Esteja pronta. — E desligou, antes que Demi
pudesse reclamar mais uma vez.
Desanimada, Demi olhava para a tela do
computador. Passou a tarde inteira tentando digitar a mensagem que enviaria a Joseph.
A enxaqueca com que acordou havia passado, mas sempre que tentava se concentrar,
a imagem indesejada de Joe invadia sua consciência.
Não era apenas o rosto dele que aparecia
em suas lembranças, mas cada detalhe do que houve entre os dois. Demi notou que
estava vermelha como as petúnias exuberantes que cresciam no canteiro de sua
vizinha. A Sra. Benta, uma doce velhinha de oitenta anos, continuava a ser uma
dedicada e ótima jardineira. Uma vez explicava a Demi que gostava das cores
fortes porque essas ela conseguia enxergar direito.
O canteiro de Demi, ao contrário, tinha
uma combinação de tons de verde e cinza, na mesma tonalidade dos sensuais
olhos de Joseph.
Suas faces ficaram ainda mais vermelhas e
quente, quando se voltou para a tela e percebeu que, distraída, começara a
carta assim: "Prezado Olhos Sensuais".
Depressa, apagou e começou de novo,
lembrando-se de como seria importante convencer Joe da importância de evitar o
fechamento da fábrica.
As pequenas vilas estavam desaparecendo
em todo o país, transformando-se em cidades-dormitório para trabalhadores das
cidades maiores, embora todos naquela em que ela morava trabalhassem duro para
preservar o lugar em que viviam.
Se o chefe de Logan os apoiasse, seria um
forte aliado para a defesa da causa.
Franzindo a testa, Demi afastou a cadeira.
Teria de se acostumar a lutar pela sobrevivência da escola, dali em diante.
Quando foi indicada para ocupar o cargo
de professora, sabia que seria por um tempo limitado. Mas, embora soubesse que
poderia aumentar seu rendimento se fosse transferida para um estabelecimento
maior, assim que percebeu os efeitos que o fechamento da escola teria, começou
a se esforçar para ganhar mais alunos. Tentou até mesmo convencer pais que
tinham a intenção de mudar os filhos para um estabelecimento particular a
desistir da idéia para dar uma chance à escolinha primária local.
Seus esforços tinham valido a pena, pois
Demi sentia-se recompensada de muitas maneiras. Jamais esqueceria o orgulho que
sentia quando a escola recebeu um prêmio de qualidade, depois de uma inspeção
feita pela Secretaria da Educação.
Orgulhava-se de toda a comunidade: dos
alunos e pais que haviam apoiado a iniciativa, que reconheciam o resultado do
próprio esforço e as vantagens de se trabalhar em equipe, que servia de exemplo
e estímulo a todos os alunos.
Demi provou como
um ambiente de segurança e amor contribuía para o crescimento das crianças,
para valorizá-las como indivíduos, contribuindo para a formação de valores,
formando uma base sólida que as acompanharia para o resto de suas vidas. Porém,
de alguma maneira, explicar isso para Joseph seria muito mais difícil do que
imaginava.
Talvez por suspeitar que ele já decidiu o
que fazer e que, do ponto de vista dele, a pequena comunidade que destruiria
não era nada perto dos lucros que poderia obter. Ou quem sabe fosse porque só
conseguia pensar numa única coisa: a noite que haviam passado juntos.
Quanto mais tempo passava, mais ficava
difícil acreditar no que aconteceu. Aquele comportamento não combinava com seu
jeito de ser, e a prova disso era que Joseph foi o primeiro homem de sua vida.
Confusa demais para se concentrar, Demetria
começou a andar de um lado para o outro em sua sala de visitas.
Embora estivesse atordoada com sua
atitude, não podia negar que sentiu prazer, que gostou dos carinhos de Joe, da
maneira como a possuíu.
Ora, isso na certa tinha a ver com o fato
de estar meio bêbada, meio dormindo, tentava se justificar, antes de seu forte
sentido de responsabilidade fazê-la lembrar a forma como reagiu quando o viu,
ainda sóbria e bem acordada, no saguão do hotel.
Eram quase seis horas. A carta ainda não
estava pronta, e Demi teria de terminá-la mais tarde, pois precisava se arrumar
para sair.
Logan já teve
muitos aborrecimentos por sua causa, e Demi deveria ser muito grata a ele pelos
favores que lhe prestava.
pooosta logo o próximo *_*
ResponderExcluirPosta logo :)
ResponderExcluirOMG..
ResponderExcluirQuero mais capitulos.
Eu to muito curiosaa..
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Beijinhoos
<3