domingo, 19 de maio de 2013

Capítulo 7 - A Virgem Sedutora


Demetria abriu a porta do pequeno chalé, que fazia parte de um conjunto de oito casinhas idênticas, todas com um belíssimo jardim que dava para a vila. Atrás, havia um imenso gramado. Depois de olhar para trás, subiu as escadas, como se arrastasse o mundo em suas costas.

Quando acordou, após algumas horas, com o som do telefone, Demi atendeu, assustando-se ao constatar que já passava das dez da manhã. Era seu costume, aos sábados, ir para a cidade, fazer compras no supermercado, antes de encontrar os amigos para almoçar.

Por sorte, para esse dia não combinou nada com antecedência, já que a maioria de seus amigos viajaram com a família, por estarem de férias.

Ao tirar o aparelho do gancho, sentiu o estômago re­clamar, embora achasse impossível ser Joseph. Afinal, ele nem ao menos sabia seu nome, graças a Deus!

Um arrepio de excitação subiu-lhe pela espinha, logo seguido por uma estranha decepção, que ela jamais admitiria nem para si mesma, ao ouvir a voz do primo, Logan.

Era de se esperar, depois de tudo por que passou, que seu estado emocional estivesse afetado. O trauma que sofreu afetou seu equilíbrio interior, e Demi sentia dificuldade de reagir direito às situações reais.

Logan: Até que enfim, Demi! É a terceira vez que ligo. Como foi seu encontro com Joseph Jonas? Estou louco para saber.

Demi respirou fundo. O coração bateu mais forte, de remorso e vergonha. A mão que segurava o aparelho ficou molhada de suor. Não sabia mentir, jamais soube.

Demetria:  Não o encontrei — afirmou, de repente.

Logan:  Você foi embora?

Demi agradeceu aos céus. Logan acabou de sugerir uma desculpa perfeita que lhe permitiria sair de seu dilema.

Demetria:  Eu... estava cansada e comecei a ficar confusa e... — Mas, antes que tivesse tempo de contar ao primo que pretendia escrever uma carta para Joseph em vez de falar pessoalmente com ele, Logan a interrompeu:

Logan: Achei mesmo que não teria coragem. Tudo bem. O titio aqui dará um jeito para você. Falei com o meu chefe sobre o assunto, que me convidou para jantar hoje à noite, e perguntei se poderia levá-la comigo. Ele terá uma reunião com Joseph na próxima semana e, se você explicar o caso direitinho para meu chefe, tenho certeza de que incluirá a escola na pauta da reunião.

Demetria: Logan, foi muita gentileza de sua parte, mas creio que não... — Demi não tinha a menor disposição de enfrentar um jantar, e, quanto à possibilidade de expor o que estava acontecendo ao chefe de Logan, que era responsável pela Secretaria de Planejamento, sentia-se mui­to insegura, devido à auto-estima tão abalada.

Logan, no entanto, parecia não ter intenção de ouvir um "não".

Logan:  Tem de ir,Demi. Alberto quer encontrá-la. O neto dele é aluno de nossa escola e, pelo visto, gosta muito de você. Embora...

Demi: Logan, não posso ir.

Logan:  Evidente que pode. E deve. Pense na escola, garota. Passo aí às sete e meia. Esteja pronta. — E desligou, antes que Demi pudesse reclamar mais uma vez.

Desanimada, Demi olhava para a tela do computador. Passou a tarde inteira tentando digitar a mensagem que enviaria a Joseph. A enxaqueca com que acordou havia passado, mas sempre que tentava se concentrar, a imagem indesejada de Joe invadia sua consciência.

Não era apenas o rosto dele que aparecia em suas lembranças, mas cada detalhe do que houve entre os dois. Demi notou que estava vermelha como as petúnias exuberantes que cresciam no canteiro de sua vizinha. A Sra. Benta, uma doce velhinha de oitenta anos, continuava a ser uma dedicada e ótima jardineira. Uma vez explicava a Demi que gostava das cores fortes porque essas ela con­seguia enxergar direito.
O canteiro de Demi, ao contrário, tinha uma combinação de tons de verde e cinza, na mesma tonalidade dos sen­suais olhos de Joseph.

Suas faces ficaram ainda mais vermelhas e quente, quando se voltou para a tela e percebeu que, distraída, começara a carta assim: "Prezado Olhos Sensuais".

Depressa, apagou e começou de novo, lembrando-se de como seria importante convencer Joe da importância de evitar o fechamento da fábrica.
As pequenas vilas estavam desaparecendo em todo o país, transformando-se em cidades-dormitório para trabalhadores das cidades maiores, embora todos naquela em que ela morava trabalhassem duro para preservar o lugar em que viviam.

Se o chefe de Logan os apoiasse, seria um forte aliado para a defesa da causa.
Franzindo a testa, Demi afastou a cadeira. Teria de se acostumar a lutar pela sobrevivência da escola, dali em diante.

Quando foi indicada para ocupar o cargo de professo­ra, sabia que seria por um tempo limitado. Mas, embora soubesse que poderia aumentar seu rendimento se fosse transferida para um estabelecimento maior, assim que percebeu os efeitos que o fechamento da escola teria, começou a se esforçar para ganhar mais alunos. Tentou até mesmo convencer pais que tinham a intenção de mu­dar os filhos para um estabelecimento particular a desistir da idéia para dar uma chance à escolinha primária local.

Seus esforços tinham valido a pena, pois Demi sentia-se recompensada de muitas maneiras. Jamais esqueceria o orgulho que sentia quando a escola recebeu um prêmio de qualidade, depois de uma inspeção feita pela Secreta­ria da Educação.

Orgulhava-se de toda a comunidade: dos alunos e pais que haviam apoiado a iniciativa, que reconheciam o resultado do próprio esforço e as vantagens de se trabalhar em equipe, que servia de exemplo e estímulo a todos os alunos.

Demi provou como um ambiente de segurança e amor contribuía para o crescimento das crianças, para valorizá-las como indivíduos, contribuindo para a formação de valores, formando uma base sólida que as acompanharia para o resto de suas vidas. Porém, de alguma maneira, explicar isso para Joseph seria muito mais difícil do que imaginava.

Talvez por suspeitar que ele já decidiu o que fazer e que, do ponto de vista dele, a pequena comunidade que destruiria não era nada perto dos lucros que poderia obter. Ou quem sabe fosse porque só conseguia pensar numa única coisa: a noite que haviam passado juntos.

Quanto mais tempo passava, mais ficava difícil acre­ditar no que aconteceu. Aquele comportamento não combinava com seu jeito de ser, e a prova disso era que Joseph foi o primeiro homem de sua vida.

Confusa demais para se concentrar, Demetria começou a andar de um lado para o outro em sua sala de visitas.

Embora estivesse atordoada com sua atitude, não podia negar que sentiu prazer, que gostou dos carinhos de Joe, da maneira como a possuíu.

Ora, isso na certa tinha a ver com o fato de estar meio bêbada, meio dormindo, tentava se justificar, antes de seu forte sentido de responsabilidade fazê-la lembrar a forma como reagiu quando o viu, ainda sóbria e bem acordada, no saguão do hotel.

Eram quase seis horas. A carta ainda não estava pronta, e Demi teria de terminá-la mais tarde, pois precisava se arrumar para sair.

Logan já teve muitos aborrecimentos por sua causa, e Demi deveria ser muito grata a ele pelos favores que lhe prestava.

Todavia, tudo o que queria, na realidade, era ficar em casa e se esconder do mundo, até que compreendesse o que se passava com ela.


Proximo Capítulo ...




Ta chatinho mais vai melhorar , aguardem :)

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