Joe: É por causa de seu meio-irmão, não é?
Demi: Não! — Agora Joe podia perceber o
medo na voz de Demi, assim como a agitação exagerada, enquanto reforçava a
negação ferozmente: — Não! — Aquilo fez com que sua xícara de café caísse,
ensopando a saia de seu vestido.
Joe reagiu imediatamente,
perguntando:
Joe: Você está bem? O café a queimou?
Demi podia ver Joe indo na sua
direção. Mais um minuto e ele a estava quase tocando-a, e ela não podia suportar
aquilo, agora.
Demi: Não. — Ela pronunciou a palavra como
uma criança assustada.
Joe: Está bem, Demi — murmurou Joe,
calmamente. — Não a tocarei ou chegarei perto de você, prometo. Mas preciso
saber se você se queimou.
Demi: Não. Estou bem.
Joe: Ótimo. Agora, podemos sentar e
conversar?
Falar sobre
o que ela acabou de dizer... o que acabou de admitir, pensou ela. Demi
estava começando a sentir-se levemente enjoada e com uma forte dor de cabeça.
Ela tentou, mas não pôde evitar olhar
ansiosamente sobre o ombro, na direção das portas que davam para o terraço.
Outra vez Joe percebeu que podia
interpretar os pensamentos de Demi tão claramente como se tivessem sido
revelados.
Joe: Liam não pode ferir você aqui, Demi. Ele não mais a ferirá. Porque eu não deixarei.
A boca de Demi tremeu quando ela
sentou e disse, numa voz mecânica:
Demi: Ele lhe dirá que sou mentirosa e que
tudo que quer é me proteger. Dirá que fiz amizade com pessoas erradas.
O passado estava ameaçando a voltar à
mente de Demi. Heroicamente, ela afastou os pensamentos. Não era mais criança
ou adolescente. Era uma adulta, agora.
Falcon a estava observando, esperando
uma explicação mais detalhada.
Não fazia sentido fingir para ele que
não tinha nada a explicar. Não agora.
Demi: Sei o que você está pensando. Mas não
é dessa maneira. Nunca houve nada sexual no modo como Liam falava comigo ou se
comportava em relação a mim. É apenas que ele era... bem, chamava aquilo de ser
protetor, mas para mim era como se eu estivesse sendo sufocada. Na opinião de
minha mãe, Liam nunca fazia nada errado, e ela não conseguia compreender.
Achava que eu estava sendo difícil e irracional em relação a ele. Eu tinha
acabado de começar o ensino médio e fazer amigas, mas Liam insistia em
encontrar-me na escola. Eu tinha uma amiga íntima, mas ele não gostava dela.
Houve quase um acidente. Ela estava de bicicleta e ele dando ré no carro.
Tentei contar a minha mãe como eu me sentia, mas ela gostava de Liam. Dizia
que eu estava sendo difícil.
Alguma coisa no silêncio atento de Joe a fez encará-lo. O ódio intenso que ela podia ver nos olhos dele a
intrigou.
Demi: Você pensa o mesmo que minha mãe.
Posso ver isso em sua expressão — disse ela.
Joe: Minha expressão, como você diz, é para sua mãe. Seu meio-irmão
pode não tê-la tocado sexualmente, mas seu comportamento em relação a você era
abusivo.
Joseph acreditava nela. Ele entendia.
Estava do seu lado.
Uma onda enorme de alívio e gratidão a
envolveu. Você pode confiar em Joe, Vanessa tinha dito, e agora Demi sabia que era verdade. Podia confiar nele.
Pela primeira vez na vida havia alguém preparado para ouvi-la e acreditar nela.
Demi: Não deve ter sido fácil para minha
mãe. Ela era grata a Liam por aceitar-nos na vida do pai dele, suponho. Ele,
frequentemente, costumava dizer que seu pai nunca teria se casado com minha mãe
se ela não o quisesse também. Minha mãe era a espécie de mulher que precisa de
alguém em quem se apoiar. Ficou muito zangada com meu pai por morrer e, algumas
vezes, sentia que ela desejava que eu não existisse... que seria muito mais
fácil casar novamente se não tivesse uma filha.
Bem no íntimo, Joe estava consciente
da mais extraordinária sensação de adequação entre eles. Não gostava de falar
sobre sua própria infância e raramente fazia isso, mas agora, com Demi,
inexplicavelmente, isso parecia natural. Porque queria ajudá-la... não porque
precisasse compartilhar sua própria dor.
Demi: É difícil para uma criança entender o
fato de que a pessoa que deveria amá-la mais do que todos não a ama. Na vida
adulta, isso dificulta que ela reconheça e aceite o amor.
Joe: Meus dois irmãos tiveram sorte quanto
a isso, encontrando mulheres que estão preparadas para ajudá-los a reconhecer o
que é o amor.
Demi: Acho que ambos também tiveram sorte
em ter você para amá-los e protegê-los.
Era uma nova experiência para Demi ser
capaz de falar honestamente sobre o que pensava e sentia... uma liberdade
depois de anos de cuidado com as palavras.
Joe: Seu meio-irmão a tratava muito mal —
foi tudo que ele pôde dizer.
Demi: Provavelmente, não era culpa apenas
de Liam — Demi sentiu-se impelida a dizer. — Eu, provavelmente, era difícil.
Algumas vezes, os adolescentes são. Mas... quando ele começava a me criticar,
dizendo o que eu deveria ou não fazer, avisando-me sobre as consequências de
meu comportamento, comecei a sentir medo.
O que era exatamente o que Liam
queria?, Joseph se perguntava.
Quanto mais ele sabia sobre o
meio-irmão de Demi, mais o desprezava... e mais impelido se sentia para
libertar Demi da prisão na qual Liam a colocou.
Demi: Era a maneira como ele manipulava a
verdade para fazer parecer como se eu fosse a culpada e para assustar-me.
Algumas vezes, até imaginei se poderia ter feito as coisas das quais Liam me
acusava.
Joe: Ele estava tentando destruir seu
direito de fazer suas próprias escolhas morais e julgamentos.
Com todas
aquelas palavras, Joe estava lhe tirando o terrível peso que vinha
carregando, pensou Demetria.
Demi: Liam disse à minha
mãe que eu havia arranjado péssimas companhias na escola... somente porque me via dando risadinhas
com outras garotas e alguns rapazes quando ele ia me buscar. Era tudo
completamente inocente, mas ele ficava irritado com aquilo. Falava coisas que aos
13 anos eu não era capaz de compreender... coisas sobre rapazes e sexo,
sugerindo que eu estava induzindo rapazes e que eu queria...
Ela não pôde continuar, mas parecia que
não precisava, porque Joe entendia. Sabia disso, porque ele estava falando
claramente:
Joe: Ele disse coisas que a faziam
sentir-se envergonhada da curiosidade sexual comum na adolescência e sobre si
mesma.
Demi: Sim — concordou ela. — Ele deve ter
dito algo para minha mãe,também, porque ela reclamou sobre comportamento
provocante e o perigo de usar certas roupas. Levou-me às compras e comprou-me
saias longas. Eu as detestava, não queria usar... elas me faziam parecer
diferente das outras garotas. Mas Liam alegava que se eu não as usasse era
porque queria que os rapazes olhassem para mim. Ele costumava ir ao meu quarto
à noite, depois que eu me recolhia. Sentava-se na beira da cama para me
questionar. Continuava perguntando repetidas vezes com quem eu falava na escola
e se era com alguns rapazes, se eu queria
falar com eles. Eu mentia e dizia que não, somente para fazê-lo ir
embora, mas um dia Liam ficou me olhando e soube que eu estava mentindo.
Demi tremeu.
Demi: Foi horrível. Ele era frio e estava
zangado. Pegou um aparelhinho de chá de porcelana que eu colecionava e jogou-o
no chão, peça por peça, quebrando todas elas. Falou que não queria ficar
zangado comigo, mas era minha culpa, porque mentia para ele. Disse que só
queria cuidar de mim, porque se importava comigo, e não queria que os rapazes
pensassem que eu era vulgar. Minha mãe estava sempre dizendo quanta sorte eu
tinha por ter um meio-irmão tão encantador. Ela não entendia. Ninguém entendia.
Eu queria muito ir para a universidade, e quando me ofereceram um lugar, em
Cambridge, fiquei sonhando. Mas minha mãe reclamou disse que eu não era madura o
suficiente para viver longe de casa, que seria muito melhor se fizesse o mesmo
que Liam e fosse para a universidade local, de modo que pudesse continuar
morando em casa. Sei que era sugestão dele... assim como sei que o amassado que Liam fez no carro que pertencia ao rapaz que me levou para o baile da escola
não foi um acidente.
Demi não podia parar o rio de
palavras, mesmo se quisesse.
Demi: Antes de conhecer o pai de Liam,
minha mãe sempre falava que nossa casa, que tinha pertencido à família de meu
pai, seria minha no futuro. Mas quando ela e meu padrasto faleceram, descobri
que a casa tinha sido deixada para Liam e que ele foi nomeado meu tutor. Felizmente,
eu tinha mais do que 18 anos na época, e um dos meus professores na
faculdade, acho que ele percebia como Liam era, porque também foi professor
dele,me ajudou a arranjar um emprego em Londres. Liam ficou terrivelmente
preocupado.Me pediu para voltar para casa, mas eu não voltaria. Sabia que ele
tinha de ficar em Dorset por causa de seus negócios lá. Era maravilhoso morar e
trabalhar em Londres. Mas nem assim ele foi capaz de me deixar ser a pessoa que
eu queria ser. Todas as vezes que eu olhava para um vestido bonito, ou uma saia
curta, via o rosto de Liam dentro da minha cabeça, ou ouvia sua voz.
A própria voz dela hesitou, de
exaustão.
Perfeito, amei o capítulo não demora a postar
ResponderExcluirSOCORRO que bom que gostou !! postarei amanhã o próximo!!
ExcluirPerfeito, posta logo flor!!
ResponderExcluirLeitora nova....
ResponderExcluirCARA MUITO LINDA AHISTORIA
POSTA MIS POSTAA...
Gostei tanto que divulguei no meu blog...
ResponderExcluirEspero que nao se importe..
Bjinhus;)
SE EU ME IMPORTO?? Claro que não !! Muito Obrigada :)
Excluiresse Liam tinha obsessão em proteger Demi, coitada,gostei xD quando vai postar a proxima ?
ResponderExcluirAcho que Posto amanhã!!
ExcluirSou leitora nova...muito perfeita a fic
ResponderExcluirGente...muito boa!!!
by: Julianna
Brigada flor !!
ExcluirSexta posto mais !! :)
Obrigado por está me seguindo de volta,viu?MAMANDO LENTAMENTE SUA FIC!
ResponderExcluirOiii, sou leitora nova. Queria saber o nome do livro. Por favor. Vou continuar acompanhando por aqui então posta logo hahahahahha. Beijooos.
ResponderExcluirO nome do livro é atração irresistível :)
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