sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CAPÍTULO 3 - MARATONA

             SÓ MAIS UMA NOITE.


 Demetria verificou tudo que separou para colocar na Ranger que alugou para sua viagem ao deserto. 


O pessoal da recepção do Beach Clube a assegurou de que era totalmente seguro viajar ao deserto, e providenciaram todas as formalidades necessárias, incluindo uma cadeirinha de bebê para Sophia.


A viagem deveria durar três horas, quatro se ela parasse na reserva do oásis popular para almoçar, conforme lhe foi recomendado.


Se não fosse pelo sério propósito de sua viagem, poderia pensar que estava embarcando numa aventura. Como tudo o mais conectado ao Beach Clube, a Ranger estava imaculadamente limpa, equipada com uma enorme cesta de piquenique e até mesmo um telefone móvel.


A estrada que cruzava o deserto era bem sinalizada e tão fácil de navegar que ela logo se sentiu confiante.


O oásis isolado, onde aparentemente o Joseph estava, localizava-se na cadeia de montanhas de Agir.


A brisa aumentou, cobrindo o carro inteiro com uma fina camada de areia. Apesar das janelas bem fechadas, as partículas eram tão finas que de alguma forma conseguiam entrar dentro do carro.


Foi um alívio quando saiu da estrada principal para outra via sinalizada e chegou a Vila Bedouin, marcada no mapa.

 Era um dia de mercado livre e ela teve que dirigir pacientemente através dos mercadores e suas carroças puxadas por camelos.

Mais meia hora e pararia para almoçar. Se não tivesse chegado ao segundo oásis marcado no mapa, ela e Sophia fariam um piquenique.

A altura das dunas de areia chegava a intimidar. Era quase uma cadeia de montanhas. Soph estava acordada e Demi desligou o rádio e pôs uma fita de músicas infantis, cantando junto.

Estava levando mais tempo do que estimava para chegar na base turística no oásis onde planejou almoçar. Já eram quase duas horas da tarde e a chegada estava estimada para a uma.

Uma película de pó de areia transformou o céu num vermelho dourado, e quando ela alcançou o topo de uma enorme duna de areia e olhou para baixo, o vazio do outro lado a fez começar a entrar em pânico. Afinal, daquele ponto não deveria estar avistando o oásis da base turística?

Percebendo que era sensato pedir ajuda, pegou o telefone móvel do carro. 

Mas para sua frustração, quando tentou ligar para o número programado no aparelho, a resposta foi um forte chiado. Parando a Ranger, pegou seu próprio celular, mas obteve o mesmo sinal ineficiente.

O céu estava ainda mais obscuro agora, o vento batendo no carro com tanta força que chegava a balançá-lo. Como se sentindo o nervoso dela, Sophia começou a chorar. Estava com fome e precisava ser trocada, reconheceu Demi, automaticamente atendendo as necessidades do bebê enquanto tentava decidir o que fazer.

Era impossível que estivesse perdida, claro. Havia uma bússola de bordo e ela recebeu instruções detalhadas, as quais seguiu à lista.

Então por que ainda não chegou ao oásis?


Sophia comeu sua refeição toda, mas Demi descobriu que perdeu o apetite.

E então, quando estava começando a sentir muito medo, avistou uma fila de camelos guiada por homens surgir através da poeira.

Aliviada, dirigiu-se a eles. O líder era muito educado.

Ela perdeu a entrada para o oásis, explicou ele, algo que era muito comum acontecer com um vento tão forte soprando areia na trilha.

Para alarme dela, o homem também explicou que, por causa da súbita deterioração no clima, todos os turistas tiveram que retornar à cidade em vez de permanecer no deserto, mas, uma vez que Demi veio de tão longe, o melhor curso de ação agora era chegar a seu destino, e ele mostrou-lhe como usar a bússola do carro.

Agradecendo-o, ela seguiu as instruções, verificando a bússola repetidamente enquanto subia e descia a interminável série de dunas, até que finalmente, através da areia soprando contra o pára-brisa, pôde ver a gigante cadeia de montanhas.

Já eram quatro horas e a luz parecia estar sumindo, fato que a fez acelerar um pouco. 

Nunca sonhou que sua jornada seria tão arriscada e estava arrependida de ter ido, mas agora, pelo menos, o final estava à vista.

Levou quase mais uma hora em ziguezagues pelas dunas para alcançar a base rochosa do começo da cadeia de montanhas.

O oásis era situado numa ravina profunda, suas escarpas tão altas que ela tremeu enquanto dirigia pelas sombras. Aquele era o último lugar que esperava encontrar o homem que foi o amante infiel de sua irmã.

O vilarejo dele ali seria tão aristocrático quanto sua casa em Zuran?
Ela franziu o cenho quando a ravina se abriu num oásis a sua frente.

Remoto e lindo do seu próprio jeito, era obviamente um lugar de profunda solidão, rodeado por palmeiras e iluminado pelo misterioso brilho dos raios do sol.

Demi parou a Ranger para observar. Onde era a vila? Tudo que podia ver era um galpão solitário. 

Certo, de bom tamanho, mas definitivamente não era uma vila! Será que se perdeu  novamente?

Sophia começou a chorar, obviamente cansada.

Com cuidado, Demi voltou a pôr o carro em movimento pela trilha rochosa que mais parecia um leito seco de rio do que uma estrada.

Havia um veículo estacionado a vários metros do galpão e ela estacionou ao lado dele.

Um homem surgiu do galpão, obviamente alertado pelo som da Ranger.


Quando andou na direção dela, o vento forte fez com que a túnica que ele usava se grudasse ao corpo, revelando uma estrutura musculosa que fez o estômago dela se contrair.

E então, quando conseguiu ver o rosto dele, a Terra pareceu parar no próprio eixo.


Era o homem do aeroporto. O homem do seu sonho!

Proximo Capítulo ....




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