SÓ MAIS UMA NOITE.
Demetria verificou tudo que separou para colocar na Ranger que alugou para sua
viagem ao deserto.
O pessoal da recepção do Beach Clube a assegurou de que era totalmente
seguro viajar ao deserto, e providenciaram todas as formalidades necessárias,
incluindo uma cadeirinha de bebê para Sophia.
A
viagem deveria durar três horas, quatro se ela parasse na reserva do oásis
popular para almoçar, conforme lhe foi recomendado.
Se
não fosse pelo sério propósito de sua viagem, poderia pensar que estava
embarcando numa aventura. Como tudo o mais conectado ao Beach Clube, a Ranger
estava imaculadamente limpa, equipada com uma enorme cesta de piquenique e até
mesmo um telefone móvel.
A
estrada que cruzava o deserto era bem sinalizada e tão fácil de navegar que ela
logo se sentiu confiante.
O
oásis isolado, onde aparentemente o Joseph estava, localizava-se na cadeia de
montanhas de Agir.
A
brisa aumentou, cobrindo o carro inteiro com uma fina camada de areia. Apesar
das janelas bem fechadas, as partículas eram tão finas que de alguma forma
conseguiam entrar dentro do carro.
Foi
um alívio quando saiu da estrada principal para outra via sinalizada e chegou a
Vila Bedouin, marcada no mapa.
Era
um dia de mercado livre e ela teve que dirigir pacientemente através dos
mercadores e suas carroças puxadas por camelos.
Mais
meia hora e pararia para almoçar. Se não tivesse chegado ao segundo oásis
marcado no mapa, ela e Sophia fariam um piquenique.
A
altura das dunas de areia chegava a intimidar. Era quase uma cadeia de
montanhas. Soph estava acordada e Demi desligou o rádio e pôs uma fita de
músicas infantis, cantando junto.
Estava
levando mais tempo do que estimava para chegar na base turística no oásis onde
planejou almoçar. Já eram quase duas horas da tarde e a chegada estava estimada
para a uma.
Uma
película de pó de areia transformou o céu num vermelho dourado, e quando ela
alcançou o topo de uma enorme duna de areia e olhou para baixo, o vazio do
outro lado a fez começar a entrar em pânico. Afinal, daquele ponto não deveria
estar avistando o oásis da base turística?
Percebendo
que era sensato pedir ajuda, pegou o telefone móvel do carro.
Mas para sua
frustração, quando tentou ligar para o número programado no aparelho, a
resposta foi um forte chiado. Parando a Ranger, pegou seu próprio celular, mas
obteve o mesmo sinal ineficiente.
O
céu estava ainda mais obscuro agora, o vento batendo no carro com tanta força
que chegava a balançá-lo. Como se sentindo o nervoso dela, Sophia começou a
chorar. Estava com fome e precisava ser trocada, reconheceu Demi,
automaticamente atendendo as necessidades do bebê enquanto tentava decidir o
que fazer.
Era
impossível que estivesse perdida, claro. Havia uma bússola de bordo e ela
recebeu instruções detalhadas, as quais seguiu à lista.
Então
por que ainda não chegou ao oásis?
Sophia
comeu sua refeição toda, mas Demi descobriu que perdeu o apetite.
E
então, quando estava começando a sentir muito medo, avistou uma fila de camelos
guiada por homens surgir através da poeira.
Aliviada,
dirigiu-se a eles. O líder era muito educado.
Ela
perdeu a entrada para o oásis, explicou ele, algo que era muito comum acontecer
com um vento tão forte soprando areia na trilha.
Para
alarme dela, o homem também explicou que, por causa da súbita deterioração no
clima, todos os turistas tiveram que retornar à cidade em vez de permanecer no
deserto, mas, uma vez que Demi veio de tão longe, o melhor curso de ação agora
era chegar a seu destino, e ele mostrou-lhe como usar a bússola do carro.
Agradecendo-o,
ela seguiu as instruções, verificando a bússola repetidamente enquanto subia e
descia a interminável série de dunas, até que finalmente, através da areia
soprando contra o pára-brisa, pôde ver a gigante cadeia de montanhas.
Já
eram quatro horas e a luz parecia estar sumindo, fato que a fez acelerar um
pouco.
Nunca sonhou que sua jornada seria tão arriscada e estava arrependida de
ter ido, mas agora, pelo menos, o final estava à vista.
Levou
quase mais uma hora em ziguezagues pelas dunas para alcançar a base rochosa do
começo da cadeia de montanhas.
O
oásis era situado numa ravina profunda, suas escarpas tão altas que ela tremeu
enquanto dirigia pelas sombras. Aquele era o último lugar que esperava
encontrar o homem que foi o amante infiel de sua irmã.
O
vilarejo dele ali seria tão aristocrático quanto sua casa em Zuran?
Ela
franziu o cenho quando a ravina se abriu num oásis a sua frente.
Remoto
e lindo do seu próprio jeito, era obviamente um lugar de profunda solidão,
rodeado por palmeiras e iluminado pelo misterioso brilho dos raios do sol.
Demi
parou a Ranger para observar. Onde era a vila? Tudo que podia ver era um galpão
solitário.
Certo, de bom tamanho, mas definitivamente não era uma vila! Será que se
perdeu novamente?
Sophia
começou a chorar, obviamente cansada.
Com
cuidado, Demi voltou a pôr o carro em movimento pela trilha rochosa que mais
parecia um leito seco de rio do que uma estrada.
Havia
um veículo estacionado a vários metros do galpão e ela estacionou ao lado dele.
Um
homem surgiu do galpão, obviamente alertado pelo som da Ranger.
Quando
andou na direção dela, o vento forte fez com que a túnica que ele usava se
grudasse ao corpo, revelando uma estrutura musculosa que fez o estômago dela se
contrair.
E
então, quando conseguiu ver o rosto dele, a Terra pareceu parar no próprio
eixo.
Era
o homem do aeroporto. O homem do seu sonho!
Proximo Capítulo ....
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